2 de abril de 2010

Castração em pets, prós e contras.

Nessa vida, tudo tem prós e contras. A castração dos nossos peludos não poderia ser diferente. Então, frente à minha indecisão quanto a castrar ou não o meu pê, eu decidi fazer uma pesquisa e ficou tão interessante que resolvi trazer aqui para vocês.

Contras:
1.Frequentemente a obesidade é tida como decorrência de um aumento no apetite e do sedentarismo em animais castrados.
Quando ocorre uma diminuição nos níveis de hormonios sexuais, surge uma sobra energética que é armazenada em adipócitos levando ao aumento de massa corporal, já que o requerimento calórico é menor, mas o animal come mais por não apresentar a sensação de estar saciado. A falta de exercício voluntário também é uma explicação para essa afecção.
2. O aumento da ocorrência de obstruções uretrais em gatos e de incontinência urinária em cadelas são fortes argumentos utilizados contra castração.
O diâmetro uretral em gatos castrados e similar ao de animais intactos, entretanto, o epitélio uretral é hipertrófico e a densidade dos fibrócitos é maior em felinos esterilizados, porém, a significância clínica desta diferença tecidual ainda não foi determinada.
3. Uma maior incidência de incontinência urinária tem sido associada a gonadectomia em cadelas. Geralmente ocorre como um vazamento involuntário de urina quando estão deitadas ou adormecidas.
Isso ocorre porque o estrógeno aumenta a afinidade dos receptores alfa-adrenérgicos no esfíncter uretral à neurotransmissores simpatomiméticos, mudando o tônus do esfíncter.
A incontinência urinária é de etiologia multifatorial e pode estar associada a outros fatores ligados ao sexo, posição da bexiga (intrapélvica ou intra-abdominal), diâmetro e comprimento da uretra e também da raça.

4. Em fêmeas as dermatites perivulvares e as vaginites são frequentemente associadas à esterilização embora não existam estudos comparativos da incidência em fêmeas inteiras e castradas. O recesso vulvar e excesso de pele, áreas intertriginosas ao redor da vulva, podem favorecer o acúmulo de urina e secreções vaginais, favorecendo assim o crescimento bacteriano e a inflamação neste local, podendo incorrer não só em dermatite perivulvar como numa vaginite ascendente.

5. O desenvolvimento normal e a caracterização da genitália externa são hormônio-dependentes. Isto inclui vulva, vestíbulo e vagina nas fêmeas e pênis, prepúcio e testículos nos machos.
5.1 Em gatos o desenvolvimento das espículas penianasé andrógeno-dependente, nos felinos castrados antes da puberdade as espículas estão ausentes, já os machos castrados após a puberdade apresentam uma atrofia gradual das mesmas, após 24 semanas do procedimento quando comparados a animais intactos
5.2 Os cães castrados antes da puberdade assim como os gatos apresentaram genitália externa com aparência infantil. A formação do osso peniano é decorrente da fusão de dois ossos e ocorre entre a 8 e 10 semana de vida, já o crescimento peniano continua até a 50 semana de vida.

6. Embora os hormônios sexuais não sejam essenciais ao desenvolvimento ósseo, exercem influência no metabolismo e desenvolvimento de todo o esqueleto, pois interferem no crescimento e amadurecimento cartilaginoso e na ossificação endocondral. A testosterona facilita crescimento das cartilagens e a manutenção das epífises.
A gonadectomia precoce resulta num atraso da maturação e do fechamento das epífises (bordas dos ossos). O animal permanece mais tempo em fase de crescimento, ocorre um esqueleto eunocóide em machos e pélvis assexual em fêmeas. Além disso, resultaria em animais com uma estatura um pouco maior quando comparados à animais inteiros.

7. A síndrome de ovário remanescente (SOR) é caracterizada pela presença de tecido ovariano funcional no interior da cavidade abdominal e é descrita como a complicação mais comum após as ovários-histerectomias eletivas.

8. Alguns animais demonstram modificações negativas no pêlo que são revertidas com suplementos vitamínicos e rações especializadas.

Prós:
1. Estudos demonstram que 50-70% dos adultos diminuem (em 50-90%) a marcação territorial com urina, monta ou vadiagem e 25% diminuem a agressividade contra animais e pessoas.

2. Se a OSH for realizada antes do primeiro ciclo ovariano, a incidência de neoplasias de glândulas mamárias diminui para menos de 0,5%. Já, logo após o primeiro ciclo, o risco aumenta para 8%, depois de dois ciclos, sobre para 26%, e depois dos dois anos e meio da idade não tem mais este efeito preventivo.

3. Além da neoplasia mamária, a castração precoce também previne a piometra (complexo hiperplasia endometrial), que geralmente acomete cadelas de meia-idade a idosas. Com o aumento do uso de progestágenos e estrógenos como contraceptivos, foi-se relatado casos de piometra precoce.

Neutro:

1.Alguns cães ainda continuam com libido e cruzando e isso se deve à exposição na fase embrionária e nos primeiros dias de vida à testosterona. Os resultados de uma pesquisa indicaram que a esterilização não é capaz de abolir os comportamentos típicos de machos.

2. A gonadectomia de animais jovens não resulta em alteração do trabeculado ósseo e portanto não favorece a ocorrência de fraturas e não prejudicaria o desenvolvimento do desenvolvimento do sistema imune.
É importante ressaltar que embora a esterilização retire as gônadas dos animais, ainda há a presença de hormônios esteróides circulantes. Estes são provenientes da adrenal, e talvez por isso alguns efeitos dos hormônios sexuais ainda se expressem.

3. O tumor prostático ocorre em cães castrados, quase na mesma freqüência que em cães inteiros. Isso pode sugerir que a testosterona não seja tão importante na patogênese do câncer de próstata, ou que seu efeito ocorra numa época mais precoce da vida do animal.


Curiosidades:
1.Os cães, junto com os homens são os únicos mamíferos que sofrem naturalmente de processos patológicos na próstata associados com a idade. São espécies em que a hiperplasia prostática, a neoplasia intraepitelial prostática e o adenocarcinoma prostático ocorrem espontaneamente.
2.A atrofia, metaplasia epidermoide, prostatite, hiperplasia prostática benigna, cálculos e adenocarcinoma prostáticos constituem as patologias mais comuns nos cães. Esses distúrbios, em sua maioria, causam aumento de volume prostático e, portanto, possuem sinais clínicos semelhantes, sobretudo em cães de meia-idade e idosos.
A atrofia da glândula próstata ocorre em qualquer condição, que resulte na queda do estímulo androgênico, tais como: orquiectomia, administração de estrógeno, ou lesão destrutiva dos testículos.

Estudos demonstra que a castração deve ser feita no mínimo, após a última vacinação devido à preocupação quanto à susceptibilidade de doenças infecciosas.
Porém outros pesquisadores afirmam que o estresse da anestesia e cirurgia pode afetar do mesmo modo a susceptibilidade às doenças infecciosas porque a anestesia e a cirurgia exercem efeito sobre a capacidade do cão em armar uma resposta humoral frente à vacinação, podendo deprimir temporariamente a resposta celular.


Então, antes de castrar seu peludo, pense nos prós e contras e tome uma atitude pensada.

Boa páscoa!


PS.: NADA DE CHOCOLATES PARA CÃES E GATOS HEIN?? É TÓXICOOO!!!!!


Referência: CARVALHO, Mariana Pontes Pereira et al. Revista Ciência em Extensão. V. 3, n. 2, 2007.
Alterações Histopatológicas do Tecido Prostático de Cães orquiectomizados e não orquiectomizados com diferentes idades. Rodrigo Supranzetti de Rezende. Uberlândia- Minas Gerais – Brasil 2008.
Em alguns estudos foi-se demonstrado que as fêmeas castradas vivem mais que os machos castrados e mais que todos os não castrados. (MICHEL 1999)
SCHIOCHET, Fabiana; BECK, Carlos Afonso de Castro et. al.,Ovariectomia laparoscópica em uma gata com ovários remanescentes. Acta Scientiae Veterinariae 35(2): p. 245-248, 2007.
GONÇALVES, Ana Carolina de Oliveira.Estudo comparativo entre a Laparotomia Mediana Ventral e Lateral direita para a ovariosalpingohisterectomia em cadelas pré-púberes e adultas.

2 comentários:

  1. Olá!

    Eu imagino que você gostará de ler as informações que se encontram nestes links:

    • http://sites.google.com/site/saudecanina/artigos-uteis-aos-leigos-e-aos-veterinarios/castracao-caes-algumas-das-doencas-que-podem-ser-causadas-pela-extracao-dos-testiculos-ou-dos-ovarios

    • http://www.ufrrj.br/posgrad/cpmv/teses/Atallah.pdf

    Beijos,

    Leninha Matias.

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  2. A castração deve ser específica, não mandatória. Ela não resolve o problema da falta de posse responsável. O animal cadastro precisa às vezes de cuidados especiais como a reposição hormonal o que acredito dificultar ainda mais a posse.

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